As vendas de micro e pequenas empresas brasileiras pelo comércio eletrônico registraram um crescimento expressivo de cerca de 1200% nos últimos cinco anos, passando de R$ 5 bilhões em 2019 para R$ 67 bilhões em 2024. Esses dados são parte da terceira edição do Dashboard de Comércio Eletrônico Nacional, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) com base em informações da Receita Federal. Pela primeira vez, o painel destacou o desempenho específico das empresas optantes pelo Simples Nacional nas vendas online, revelando sua relevância no setor.
No total, o e-commerce nacional movimentou R$ 225 bilhões em 2024, um aumento de 14,6% em relação a 2023 e de 311% nos últimos cinco anos. As micro e pequenas empresas foram responsáveis por 30% desse montante, enquanto as empresas de médio e grande porte, embora também tenham crescido, registraram um aumento de 220%, saindo de R$ 49 bilhões para R$ 158 bilhões no mesmo período. O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, atribui esse crescimento ao impulso inicial gerado pela pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2022, e à recuperação econômica do país a partir de 2023. Ele destacou que o crescimento do PIB, que superou as expectativas com taxas de 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024, aliado à queda do desemprego para 6,6%, contribuiu para o fortalecimento do mercado. Políticas como a valorização do salário mínimo e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil também aumentaram o poder de compra dos brasileiros, impulsionando as vendas online.
Entre os produtos mais vendidos no e-commerce em 2024, destacam-se aparelhos de telefonia celular, livros, refrigeradores, televisores e complementos alimentares. Nas transações das micro e pequenas empresas, obras de plástico lideram, seguidas por complementos alimentares, livros e acessórios para motocicletas. O painel também revelou particularidades regionais: no Rio Grande do Sul, o vinho se destaca; em Goiás, acessórios para tratores; em Minas Gerais, calçados; no Pará, purê de açaí; e em Alagoas, frutas. A região Sudeste concentra 77,2% das vendas online e 55,9% das compras, seguida por Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte.
Apesar da concentração no Sudeste, esforços para descentralizar o e-commerce estão em curso. Em abril de 2025, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) anunciou os 20 projetos selecionados na primeira fase do edital E-Commerce.BR, voltado para fomentar o comércio eletrônico nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Esses projetos, distribuídos por estados como Alagoas, Amazonas, Bahia e Goiás, receberão mentorias até julho, com nove deles sendo contemplados com R$ 380 mil cada e três avançando para uma fase de escala em 2026, com aporte adicional de R$ 500 mil.
Os números refletem a consolidação do e-commerce como um pilar fundamental da economia brasileira, especialmente para micro e pequenas empresas. Com políticas públicas voltadas para o desenvolvimento econômico e a inclusão digital, o setor tem potencial para continuar crescendo e se diversificando, promovendo oportunidades em todo o país.