O Ministério Público do Rio de Janeiro move uma ação firme para buscar justiça por uma das maiores tragédias do futebol brasileiro. Em 8 de fevereiro de 2019, um incêndio devastador no Centro de Treinamento Presidente George Helal, conhecido como Ninho do Urubu, pertencente ao Flamengo, tirou a vida de dez adolescentes e deixou três feridos. Agora, após anos de investigações, o órgão requer a condenação de sete acusados pelo crime de incêndio culposo, em um caso que chocou o país e expôs falhas graves na segurança do local.
A investigação conduzida pela 36ª Vara Criminal da Capital revelou um cenário de negligência que culminou na tragédia. Dos onze inicialmente denunciados, sete enfrentam julgamento, incluindo administradores do centro de treinamento, responsáveis pelos contêineres usados como alojamento e o técnico encarregado da manutenção dos aparelhos de ar-condicionado. O Ministério Público destaca que o Ninho do Urubu operava sem alvará de funcionamento, carecendo de certificação do Corpo de Bombeiros. O local já havia sido interditado e autuado várias vezes por irregularidades, mas continuou em atividade.
As condições dos contêineres agravaram a situação. Construídos com materiais altamente inflamáveis e sem tratamento antichamas, eles contavam com uma única saída, distante de alguns quartos, e janelas gradeadas que dificultaram a fuga. Portas de correr, que emperraram durante o incêndio, e a ausência de sistemas de combate a fogo contribuíram para a rápida propagação das chamas. A perícia apontou ainda falhas na manutenção elétrica e dos aparelhos de ar-condicionado, que poderiam ter sido evitadas com cuidados preventivos. Após mais de três anos de audiências e depoimentos de dezenas de testemunhas, o Ministério Público concluiu que as provas demonstram a responsabilidade dos acusados, que tinham poder de decisão sobre a gestão e a segurança do centro de treinamento.
A sociedade acompanha com atenção o desfecho desse processo, que não apenas busca punir os responsáveis, mas também reforçar a importância de normas de segurança em instalações esportivas. A tragédia do Ninho do Urubu permanece como um alerta para a necessidade de responsabilidade e cuidado na formação de jovens atletas, para que casos como esse não se repitam.

Agência: Libertti