bac5b5e4 2656 4eab ad52 f4fe2ec04554 1Foto: NDB/Reprodução

Os BRICS, bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, expandiram seus horizontes ao incorporar cinco novos membros: Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Irã. No entanto, esse crescimento não ocorreu sem contratempos, sendo notável a saída da Argentina em menos de 2 semanas.

A estabilidade do bloco é frequentemente questionada, especialmente considerando as diversidades ideológicas e políticas dos países envolvidos. O Brasil, por exemplo, sob o governo Bolsonaro, enfrentou momentos hostis, notadamente em relação à China, onde o presidente brasileiro chegou a rotular o país como uma ditadura. Além disso, em um curto intervalo, a Argentina, com o presidente Javier Milei, rompeu sua parceria com os BRICS, destacando a volatilidade nas alianças políticas.

Essa instabilidade é inerente à natureza heterogênea do bloco, cujas visões e ideologias variam significativamente. Cada eleição representa uma dança das cadeiras e um desequilibro no jogo político, como evidenciado com o Brasil e a Argentina atual. As mudanças de liderança e orientação política podem impactar diretamente a coesão do grupo, exigindo abordagens mais estáveis para garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

Embora a aliança econômica seja um pilar essencial para os BRICS, é necessário ir além. O bloco precisa adotar métodos que transcendam as divergências políticas, assegurando estabilidade mesmo diante de mudanças de poder. Modelos semelhantes aos da União Europeia ou do Mercosul, onde a estabilidade do bloco é favorecida, poderiam servir como referência.

No âmbito dos países como China, Rússia, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Irã, nos quais a estabilidade política é robusta e, por vezes, algumas lideranças a conduzem com mãos de ferro, as transições de poder se estendem, proporcionando uma sensação de estabilidade ao bloco. O Ocidente, contudo, frequentemente critica essas nações, rotulando-as como regimes ditatoriais ou, por vezes, antidemocráticos. Nessa perspectiva, destaca-se o Brasil, uma democracia que enfrentou notáveis turbulências políticas, especialmente no governo anterior, marcado por uma postura contrária ao bloco.

Diante desse cenário, é crucial que o bloco desenvolva mecanismos para enfrentar as variáveis em constante mudança. Um sistema de inteligência que integre e compartilhe informações entre os países membros poderia ser instrumental na prevenção de instabilidades e até mesmo de guerras híbridas promovidas por nações contrárias ao bloco.

Embora uma união militar, nos moldes da OTAN, pudesse fortalecer a segurança, enfrentaria desafios significativos, especialmente para países como Brasil e África do Sul. O risco de um tsunami de críticas, e de uma guerra de informações seria iminente e contrária aos interesses do Ocidente.

No contexto da substituição do dólar pela adoção de moedas próprias, surge um passo crucial na guerra econômica. No entanto, como mencionado anteriormente, essa medida isolada não é suficiente. Ao considerar a União Europeia ou o Mercosul, observa-se uma homogeneidade cultural entre os povos, bem como a proximidade geográfica, fatores que conferem certa estabilidade a esses blocos. Já no caso dos BRICS, a situação se torna mais desafiadora, uma vez que envolve um bloco heterogêneo com culturas diversas e fronteiras mais distantes.

A concepção por trás da formação do bloco é louvável, uma vez que reconhece a importância das parcerias econômicas. Entretanto, os desafios são expressivos. Para concretizar os objetivos de substituir o dólar, estabelecer bancos concorrentes ao FMI e competir com a União Europeia, como delineados pelo grupo, os BRICS necessitam superar não apenas obstáculos econômicos, mas também enfrentar questões políticas e culturais complexas. O caminho à frente demanda abordagens inovadoras e uma verdadeira coesão entre essas nações emergentes.

AUTOR: Silvano Saldanha – JN Libertti

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